Apex promete apoio à empreendedores da floresta, mas inclui bovinos, suínos e aves


O greenwashing da Apex

Apex promete apoio a empreendedores da floresta, mas inclui bovinos, suínos e aveÀ primeira vista, a iniciativa da Apex, batizada de Exporta Mais Amazônia parece ser uma grande oportunidade para fortalecer a economia da Amazônia. Conforme a Agência, o programa busca “impulsionar as exportações de setores compatíveis com a floresta” ao prometer conectar 60 empresas da região Norte com até 30 compradores internacionais em rodadas de negócios. 

Tudo parece ser uma grande notícia já que o estudo Oportunidades para Exportação de Produtos Compatíveis com a Floresta na Amazônia Brasileira, coordenado pelo professor Salo Coslovsky, aponta que os 64 produtos classificados como “compatíveis com a floresta” no mercado internacional geram uma receita anual de US$ 298 milhões, valor que representa somente 0,17% dos US$ 176,6 bilhões por ano que esses mesmos produtos movimentam no mundo. Nesta lista estão castanhas, cacau, pimenta, palmito entre outros. 

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Lista da Apex

Já na lista dos seis “setores compatíveis com a floresta” que estão no foco do programa da Apex estão o açaí, o cacau e o chocolate, a castanha do Brasil, os peixes amazônicos, a carne bovina, além de carnes suína, de frango e ovos. É na produção do último grupo de proteínas que está o problema. A atividade agropecuária, ainda que permitida na Amazônia Legal, não é compatível com a floresta, é, na verdade, uma de suas grandes ameaças.

De acordo com recente estudo publicado pelo Bureau de Jornalismo Investigativo (TBIJ), em parceria com  os veículos The Guardian, Forbidden Stories e Repórter Brasil, de 2017 a 2022 cerca de 1,7 milhão de hectare (1 hectare equivale a 1 campo profissional de futebol) da floresta foram desmatados para dar lugar a pastos e criação de boi. 

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”O mundo precisa ver que ao comprar um produto da Amazônia, está contribuindo para manter a floresta de pé”, Jorge Viana – presidente da ApexBrasil

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Ainda assim, em sua declaração oficial, Jorge Viana afirmou: “Nosso objetivo é conscientizar empresas da região Norte das vantagens da exportação, para que mais empresários prepararem-se para o mercado internacional. O mundo precisa ver que ao comprar um produto da Amazônia, está contribuindo para manter a floresta de pé”,

Toda a confusão, faz crer que o Apex está promovendo a condenada prática de greenwashing ao associar parte do programa a atividades de desenvolvimento sustentável da floresta e parte a atividades que colocam o bioma em risco. 

A Apex foi procurada para comentar o assunto, mas até o fechamento da matéria não retornou à reportagem.

Este texto trata majoritariamente às ODS

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