Princípios de sustentabilidade norteiam expansão das operações da fabricante de celulose solúvel no estado


Bracell mira ESG ao investir mais de R$ 20 bi em SP

A empresa é familiar. Maior produtora de celulose solúvel do mundo, a Bracell pertence ao Grupo RGE (Royal Golden Eagle) de propriedade do empresário indonésio Sukanto Tanoto, emprega 60 mil pessoas em todo o mundo e tem ativos superiores a US$ 30 bilhões. No Brasil, se estabeleceu em 2003, com a aquisição da BSC (Bahia Specialty Cellulose) e da Copener Florestal, ambas no estado da Bahia. Quinze anos depois, em 2018, chegou em São Paulo por meio da aquisição da Lwarcel Celulose. Mas quem conhecia a antiga fábrica, não a reconhecerá. De 2019 até agora a unidade instalada em Lençóis Paulista recebeu R$ 20 bilhões em investimentos, sendo R$ 15 bilhões no Projeto Star e os outros R$ 5 bilhões, divididos em partes iguais, na construção de uma nova fábrica de papel tissue 100% livre de combustível fóssil e em outra para a produção de clorato de sódio e peróxido de hidrogênio, elementos químicos usados na produção da celulose. Ambas em construção.

No Projeto Star, já concluído, duas grandes conquistas. A primeira, a expansão da capacidade produtiva de 250 mil toneladas/ano de celulose kraft, para 1,5 milhão de toneladas/ano de celulose solúvel ou até 3 milhões de toneladas/ano de celulose kraft. Vale destacar que segundo Geraldo Simão, gerente de Recuperação da unidade da Bracell, “esse cálculo é possível, porque a fábrica é flexível, o que dá aos gestores a capacidade de ajustar a produção conforme a demanda”. A segunda é que a operação é a maior e a mais sustentável fábrica de celulose do mundo. 

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ESG

A decisão de investir no País foi tomada tendo como pano de fundo uma espécie de mantra dos 5 Cs do Grupo RGE: tem que ser bom para o clima, para o país (country), para a comunidade, para o clima e para a empresa (company). Sem haver margem para ser diferente, os preceitos da cultura global são seguidos à risca por aqui. Dentre outros motivos, esse foi um dos que justifica a estrutura verticalizada da operação paulista. 

VIVEIRO DE MUDAS
Qualquer passeio à unidade de Lençóis Paulistas começa no viveiro de eucaliptos, onde mais de 40 milhões de mudas são produzidas anualmente em um sistema clonal, como afirmou Mauricio Pietro, gerente de viveiros da companhia. “Optamos por trabalhar o sistema de mudas em que matrizes selecionadas produzem cerca de 14 mudas por mês”. Da coleta das mudas até o embarque aos campos, são 90 dias e 14 litros de água consumido por cada planta, sendo que todo recurso hídrico entra em um sistema circular de reaproveitamento. 

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FLORESTA DE EUCALIPTOS
As mudas produzidas em Lençóis Paulista são suficientes para preencher uma área de 350 hectares de área de florestas próprias que além de estarem em 113 cidades de São Paulo (o estado tem 645 municípios) estão distribuídas por mais 36 cidades na Bahia, nove cidades no Mato Grosso do Sul e três cidades em Sergipe. 

BIODIVERSIDADE

Para garantir um equilíbrio entre as florestas de eucalipto (monocultura) com vegetações nativas, a Bracell mantém 30% das florestas administradas como APAs (Área de Preservação Ambiental). Os corredores verdes possibilitaram que em 15 anos de monitoramento em São Paulo fossem registradas mais de 755 espécies da fauna local. No ano passado, a empresa aumentou seu compromisso ao lançar o programa UM para UM no qual garante preservar 1 hectare de mata nativa para cada 1 hectare de eucalipto plantado.

RECURSOS NATURAIS 

Ponto material em sua estratégia ESG, o uso racional dos recursos naturais como água e energia é ponto crucial na operação. Com uso da biomassa como combustível, a unidade é mais do que autossuficiente em energia limpa. Na verdade, disponibiliza entre 150 MW e 180 MW, para o GRID nacional, volume capaz de atender ao consumo anual de cerca de 3 milhões de pessoas. Já para a água, depende do abastecimento do Rio Tietê. O volume captado, porém, é usado, tratado e devolvido ao rio sem resquícios de materiais poluentes. 

CERTIFICADOS

As práticas autodeclaradas pela empresa nessa entrevista têm amparo nas certificações que possui e nos relatórios que divulga, obedecendo o mais alto padrão de relato adotado pelo GRI (Global Reporting Initiative). A Bracell é ainda associada do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), do Women’s Empowerment Principles e tem certificado Cerflor/PEFC nas operações florestais de São Paulo e da Bahia.

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Este texto trata majoritariamente das ODS

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