97,3% das empresas dizem ter sustentabilidade integrada ao negócio, mas menos de 30% têm indicadores e metas de redução de GEE
Dentro do novo modelo de uma economia mais sustentável amparada pelas boas práticas de governança ambiental, social e corporativa (ESG) há um preceito básico a ser cumprido: a transparência. No Brasil, a maioria absoluta das empresas e seus representantes parece ter aversão ao tema, negando-se a dar informações mais precisas, sobretudo quando os dados são financeiros ou quando abrem a oportunidade de se verificar a veracidade do que é dito.
Essa má prática corporativa fica evidente em algumas pesquisas criadas para transformar em números a maturidade de adesão e adoção das políticas ESG pelas corporações. Uma delas é a 15ª Pesquisa Nacional sobre Sustentabilidade nas organizações e aplicação das dimensões ESG, realizada pelo Instituto de Responsabilidade Socioambiental (IRES) da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB).
O levantamento constata, por exemplo, que 97,3% das organizações pesquisadas — cerca de 1,1 mil — têm a sustentabilidade integrada à sua visão estratégica. Somente pela observação da realidade, o dado já soa estranho, mas a própria pesquisa deixa claro que a verdade não é bem assim.
Na mesma pesquisa, os respondentes entraram em contradição e na hora que são questionados sobre as ações, algo mais próximo do que parece verdade vem à tona:
- 75,7% não têm indicadores e metas de redução de GEE;
- 75,7% das organizações não têm plano de compensação das emissões;
- 73% não realizam o Inventário de Emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa);
- 64,9% das organizações não possuem um Sistema de Gestão Ambiental implantado, auditado e certificado;
- 54,1% não possuem políticas formais de compras de materiais verdes ou ambientalmente certificados;
- 54,1% não têm políticas claras de sustentabilidade baseada no ESG;
- 51,4% não desenvolvem nenhuma ação voltada à logística reversa;
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“O que importa é que estas organizações possuem uma conscientização sobre o tema” – Lívio Giosa, coordenador geral do IRES
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Diante das respostas, Lívio Giosa, coordenador geral do IRES, afirma que o estudo é uma fotografia do momento e enxerga o resultado com otimismo: “O que importa é que estas organizações possuem uma conscientização sobre o tema e o papel do IRES é fornecer as melhores práticas e experiências de gestão para auxiliá-las na implementação dessas ações e apoiar nessa jornada de transformação.”
Vale lembrar que culpar o mensageiro pela mensagem é, no mínimo, ineficiente para a solução dos problemas. Mas a leitura das pesquisas precisa ser mais crítica para que, de fato, as empresas que não entenderam a importância da agenda ESG parem de tentar manipular as estatísticas e a narrativa.
Os números mostram um problema que precisam ser discutidos com transparência e foco para o resultado.
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https://youtu.be/8cX6iDnl64ttps://youtu.be/8cX6iDnl640c
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Este texto trata majoritariamente dos ODS13 e ODS17